Seja Bem-Vindo(a)
Por Ben Chai. Belém, 10/04/2025
Ao longo da história do povo judeu, a identidade religiosa foi motivo de honra, preservação e resistência. No entanto, em muitos momentos, o orgulho espiritual tomou o lugar da humildade diante de Deus. Um dos exemplos mais contundentes é a exclusão dos judeus messiânicos — aqueles que reconhecem Yeshua (Jesus) como o Messias prometido. Mas será que o Judaísmo pertence apenas à linhagem de Judá? Será que a fé foi dada somente aos que seguem uma interpretação rígida da Torá? Os próprios profetas anunciaram que a promessa se estenderia a outros povos. Neste artigo, vamos refletir sobre como o orgulho religioso pode se tornar uma barreira à fé, contrariando a própria essência das promessas feitas às doze tribos de Israel e também às nações.
Desde o início, a aliança foi feita com os patriarcas e suas doze tribos, não com um único grupo religioso. O profeta Ezequiel fala da restauração completa de Israel, unificando todas as tribos, não apenas Judá:
"Dize-lhes, pois: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu tomarei os filhos de Israel de entre as nações para onde eles foram, e os congregarei de todas as partes, e os trarei para a sua terra."
— Ezequiel 37:21
Além disso, a inclusão dos estrangeiros está prevista em Isaías:
"Também os filhos dos estrangeiros, que se unirem ao Senhor para o servirem, e para amarem o nome do Senhor, [...] também os levarei ao meu santo monte."
— Isaías 56:6-7
A aliança é ampliada, não restrita.
Yeshua confrontou diretamente os líderes religiosos de seu tempo. Sua denúncia é clara:
"Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois fechais o Reino dos Céus diante dos homens; vós mesmos não entrais, nem deixais entrar os que querem entrar."
— Mateus 23:13
Ele os acusa não por guardarem a Torá, mas por usarem sua autoridade para bloquear o acesso ao Reino. E isso permanece até hoje, quando se nega o Messias a outros judeus e até aos gentios que desejam se aproximar da fé de Israel através de Yeshua.
Ao excluir os judeus que creem em Yeshua, muitos dentro do Judaísmo atual repetem a postura exclusivista dos fariseus. Esquecem que o Messias prometido por Isaías viria não só para Israel, mas como luz para os gentios:
"Também te dei para luz dos gentios, para seres a minha salvação até à extremidade da terra."
— Isaías 49:6
E o profeta Oséias anuncia que um povo que não era povo seria chamado de “meu povo”:
"Chamarei meu povo ao que não era meu povo, e amada à que não era amada."
— Oséias 2:23 (citada também em Romanos 9:25)
Isso mostra que a inclusão dos gentios e dos judeus messiânicos está de acordo com os planos proféticos de Deus, e não é um desvio da fé.
A fé em Yeshua não exclui a identidade judaica — ela a cumpre. A promessa foi feita aos patriarcas e suas tribos, mas os profetas também anunciaram uma aliança que alcançaria os estrangeiros, os excluídos, e os povos das nações. O orgulho religioso que nega isso se opõe ao próprio plano de redenção. Negar o Messias e seus seguidores é repetir o erro dos antigos líderes que Yeshua confrontou. O Reino dos Céus nunca foi um clube fechado — ele é a casa preparada para todos os que respondem ao chamado do Eterno.
A porta continua aberta. Quem a fecha não representa o Pai.
Ben Chai